sexta-feira, 16 de dezembro de 2011


Milagres segundo a Rapariga.

Existir: andar, observar, aproximar, acelerar... raptar o fôlego, e aos verbos a terminação do “ar” que necessita para chegar ao seu destino. Adiado, por algumas horas, pela primeira visita ao milagre da vida que ganha forma no nome – Mariana. Pela amiga que lhe oferece o fôlego. E por uns trocos que a levam ao cine esplanada, em pleno dia.

A rapariga julga que deve ao capuchino o arranque para a mudança de planos de sexta-feira. Não fosse ele a causa da sua aguda dor de cabeça, e consequente atraso. Ela aposta que assim que o tomou à noite ele deliberou que não acordaria às 8h, e assim foi. Um capuchino. Se até uns goles de café e leite misturados têm personalidade para lhe alterar o dia, porque não fazê-lo ela por vontade própria, mesmo quando faltam 15 minutos para apanhar o autocarro de regresso ao seu destino?

- “Duas rosas cor-de-rosa, e uma azul, por favor”, pede à florista. Por carácter, a rapariga não gosta de ser previsível, e escolher as cores em virtude do sexo. Mas confessa que no meio de tanto cliché barato. Considera o nascimento da Mariana, sua prima, o momento apropriado para encostar à parede os clichés desta vida. Tal como as cores, os sorrisos, os olhares, os afectos, o calor deviam sê-lo, clichés, se quiserem, no bom sentido. Nem que fosse pela naturalidade de serem o hábito, a vestimenta, da vida humana. E foi com o resultado de tudo isso que o seu primeiro Milagre foi visitado, e aconteceu. Hoje, são três rosas.

- “Eu sei que é a terceira vez que troco o bilhete”, devolve à Sr.ª da bilheteira com um sorriso culpado. A rapariga sabe contar, mas também sabe que a esperam às 19h45. A senhora não ia perceber. Muito menos, o seu segundo Milagre. “Milagre” perspicaz e “ladrão” de qualquer monotonia. Milagre de vitaminas. De afecto. A sua Amiga. E assim aceitou tomar o remédio, porque deste tipo faz bem à alma.
Desce-se escadas rolantes, o tipo de fórmula que sempre lhe fez comichão: lembra-lhe repetição. O tipo de discurso de Cavaco Silva: Espera que o fim de ano ”seja tão bom quanto possível”. “O quê?!”, pensa, não digas. “shiu!”.

Passemos à frente. Mas como não fica pelas palavras, também sobe, e desce, as outras escadas. Aquelas que custam um bocadinho mais, mas onde se apreendem melhor as manhas para evitar futuros tropeções. E depois de resistir a um posto de vendas de pipocas. O orgulho próprio é ferido, cede à segunda investida, e lá traz as companheiras: doces e salgadas. O que não sabia era que com isso iria ganhar um terceiro Milagre. O filme. Até então a personagem, a rapariga, desconhecia que podia ver um filme a partir de uma paragem de autocarros. Viu.

Luz, (literalmente), câmara (ela olha), acção (ela existe). À sua frente, o guião é uma questão de tempo e de outros Milagres.

sábado, 17 de abril de 2010

Relações Humanas – Cap. I


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Tive há pouco um pensamente (alguns dias). Na vida, nos livros, no cinema, as “personagens”, quando o são, procuram o Elixir da Juventude, da vida eterna mas de que vale? Não seria mais sensato tentar encontrar o Elixir das Relações Humanas? Uma espécie de dicionário líquido – bebível – que nos ensinasse a compreender o próximo. Talvez assim, e confesso que a cor do líquido não é cor-de-rosa em objectivos, evitava-se não só maus entendidos desdobrados em catástrofes “hominídeas” – as guerras, por exemplo. Como tornaria mais longa e sensata a nossa jornada sem a ajuda de soluções gastas, quanto perdidas na própria falta dessa mesma solução.

“O” Barack Obama que se cuide, não me parece que o mundo se torne muito mais seguro depois da Cimeira pela segurança nuclear, apenas mais diplomático em torno de uma causa que sem diálogo não conhecerá o seu termo. Talvez um “shot” do elixir das relações humanas, administrado antes das reuniões “magnas”, não fizesse mal aos nossos líderes, porque os filmes e os livros já nos ensinaram o que encontra quem se arma em Indiana Jones.

No Irão Ahmadinejad responde aos EUA com uma conferência também ela nuclear, mas o “nuclear” no meio de tudo isto é perceber se lhe vai surtir efeito o “shot” desde que não lhes/nos saia pela “culatra”.

DGZ

quinta-feira, 1 de abril de 2010

364 + 1 de Abril


Saudações aos Pinóquios, 1 Abril 2010

Hoje comemora-se o dia das mentiras – mecanicamente falando - um “hino” à capacidade natural do ser humano de desviar o objecto receptor da verdade. Historicamente – a mecânica “Google” não me deu margem válida sobre o histórico do “drama humano”.
O dia em que muitos podem ser eles próprios para se esconderem, na omissão o resto do ano, com a cumplicidade das figas.
Uma colecção de nomes “flahsheia” a minha memória neste momento, juntos em fila indiana como se estivessem colados à “galinha dos ovos de ouro”. Se nasceu primeiro o ovo ou a galinha não sei mas, quando o “pintainho” quer nascer, a casca racha e a verdade acontece. Esta colecção que tenho em mente, sem desviar-me do alvo, ultrapassa qualquer nova edição – reeditada - dos cromos “panini” na época do “Dragon Ball”. Até porque chega de hipocrisias, incluindo no pacote "as" não intencionais - hoje é o único dia em que se admite a soma dos restantes 364 + 1? Fazendo as contas, não deveria, para muitos, ser dia 365 de Abril?
DGZ

quarta-feira, 31 de março de 2010

Tempo – Parar o que já está parado?


Haverá segredo maior para descobrir que a (in) capacidade de mascarar a confiança de que conseguimos gerir o tempo? Afinal, alguém consegue gerir o tempo?

O tempo não se gere, no máximo, ingere-se conforme o conseguimos encaixar no puzzle desordenado que nos desafia diariamente, com sede por uma sequência lógica que mais não é saciada quando se encontra - um caminho na vida. É nestas alturas, que a minha vontade era percorrer todos as bifurcações, desenhar-me nas curvas e acelerar no “piloto automático” sem perder um instante dos “presentes” que me passam ao lado, enquando o visor marca os 120 Km/h. Sim, porque nesse “por hora” perdida a única coisa que fiz foi olhar para o alcatrão, e colorir a vista a preto, quando a ideia era olhar para as mini-fotografias da vida que acontecem fora do meu egocêntrico limite.

À partida sabe-se – é a “ordem natural das coisas” sermos humanos: nasce-se, cresce-se, morre-se, encerra-se na sua própria concretização. Ou coloco a primeira, a segunda, a terceira, e -“quando te sentires mais à vontade” - diz o instrutor – “a quarta e arriscas numa quinta.” Poderia ser o instrutor da vida, não – é o de condução. Aliás, há que reter, na vida não existem instrutores e muito menos manuais de instrução, antes diria, no máximo, e a título oficial, os professores que nos entregam um manual recheado por “uma escola” que nos ajuda quando o pó começa a sujar, não a prateleira de livros, mas a vista.

Entre estas duas - o inevitável e a pedagogia, existe uma diferença chamada livre arbítrio. Afinal porquê passar de primeira para segunda, e de segunda para terceira e por ai adiante – ultrapassando as questões técnicas de “assassinar” o motor – na prática talvez mais grave seja, descartar a consciência do “poder” de escolha. Não aplicado à metáfora carro, mas perceber que o micro e macro espaço mundo do qual fazemos parte está sem rodas para andar, ou arrisco dizer anda com umas rodas gastas prontas a explodir no primeiro trilho.

Em termos práticos, falta a consciência de mobilização de uma “classe” chamada país – mundo. Uma consciência de pertença universal que ultrapasse as fronteiras físicas traçadas por conquistas que – sem desfazer o real valor que representaram/am – se tornaram hoje, alarmantes fronteiras psicológicas.

Portugal é um motor que não funciona se a chave-cidadão não for engrenada todos os dias, se o combustível não for bem gerido e se a “viatura” não for à revisão sem colocar o funcionamento transparente da instituição Governo. Mas nos últimos tempos não tem sido frequente: “Face oculta”; “Freeport”, por exemplo. E o PEC (Pacto de Estabilidade e Crescimento) que mais não é o “pacto” de que o combustível não vai ser suficiente para a meta do crescimento europeu, muito desejado como o D. Sebastião mas por enquanto, guardado pelas cortinas do nevoeiro.

Mas esta viatura-Estado, clássico para quem anda na estrada, à semelhança de quem se atreve a tocar no fogo se queima, debate-se com longas filas, ou as greves (parar o que já está parado?), são eles enfermeiros, os professores, os filhos do Estado ou “função pública”. “Enfim”, mas o contador de quilómetros não perdoa, o combustível queima, as rodas gastam e o Tempo (precioso mas que não se controla), acelera como uma mota numa fila de trânsito que nos ultrapassa, dentro do carro somos 10 milhões, não fiquemos na “cauda da…” – que quiserem. Por favor.

DGZ

sábado, 27 de março de 2010

Pensamente Crónico

Pensamente Crónico parte da - crónica - que deve acompanhar qualquer cérebro - o Pensar. Arrisco-me a falar pelos médicos, de que se trata da (não) "doença" crónica mais saudável e sem medicação possível. Não tem limites, o espaço pode ser colorido ou a preto e branco mas há sempre alguma coisa a acrescentar - espero.
E a pensar, pensei porque não pensar em partilhado?
Assim nasceu a vontade de pensamente (só falta o "Era uma vez") no Dia Mundial onde tudo acontece - o Teatro.


"Penso onde existo - existo onde não penso", in RCP, 2008